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terça-feira, 13 de dezembro de 2011

ROSA-ROCHEL: DUO DE VIOLÕES 'LEVA' 1o. LUGAR NO PRÉ-ESTREIA

ROSA-ROCHEL (OU PAULO-MARCELLY)
Grandes vencedores do concurso Pré-Estreia
(Foto: Kazuo Watanabe)

Como não podia deixar de ser, domingo passado (11/12), às 16h, pudemos curtir à vontade o programa “Pré-Estreia”, da TV Cultura, talvez o maior, mais completo e mais diversificado concurso de música clássica já criado no Brasil. A final foi vista por músicos de todo o país.

Uma das novidades é que o concurso foi feito para TV, o que exige muito da presença no palco, fora estar sendo visto e filmado por diversos ângulos. Outra, é que havia duas categorias: solista e música de câmera – no qual se encaixa nosso duo de violões. Marcelly Rosa, nascida em São Paulo, tem apenas 16 anos e reside em Tatuí há sete anos. Paulo Rochel, 20 anos, é de Angatuba e estuda na FATEC de Tatuí. Ambos são alunos do Conservatório, nas classes de Edson Lopes e Marcia Braga, a quem parabenizamos de coração.

O setor de violão clássico é um dos que mais tem crescido no Conservatório. Há mais de um ano com instalações adequadas, conforto, sala de ensaios e aquele silêncio que o instrumento exige, tem trazido rendimento cada vez melhor e diversos prêmios para os alunos.

O Duo mudou o repertório a ser apresentado na grande final, o que causa sempre alguma ansiedade; no entanto, foi talvez por esse desprendimento e por essa vontade de vencer que uma transcrição de um sexteto para cordas de Brahms (Op. 18) feita pelo virtuose inglês John Willimas, bastante difícil, tenha convencido os jurados – creio que por unanimidade – a entregá-los o polpudo prêmio de R$ 35.000,00, mais propostas de recitais, etc.

Como diz o título do programa – Pré-Estreia -, Marcelly e Paulo agora já estão na estreia da carreira de solistas profissionais. O Brasil é pródigo em grandes nomes do violão, como os Irmãos Assad, Sergio Abreu e Fábio Zanon; no popular, Laurindo de Almeida, Yamandu Costa e Baden Powell. O violão talvez só perde o lugar de instrumento favorito para nossas dezenas de pianistas premiados no exterior.

Vamos guardar o nome desses dois jovens e acompanhá-los -  há uma luta longa e inglória que eles deverão prosseguir, não vai ser nada fácil e eles sabem. Mas parece que ambos nasceram com aquela “estrela na testa” que só os vencedores têm. Obrigado, meninos!

FRANK BATTISTI MANDA SEU CARINHO

FRANK BATTISTI E AS IMPRESSÕES DE TATUÍ
Regente descreve visita e concerto

Maestro norte-americano, que será assunto de longa matéria na revista Ensaio, agradece em e-mail:

“A visita ao Conservatório foi uma experiência maravilhosa e completa para mim. Os músicos da Banda Sinfônica foram excelentes para se trabalhar, assim como todo o pessoal do Conservatório que me ajudou e à minha esposa. Nós nunca tivemos, em todas as viagens para tantas partes do mundo onde regi ou lecionei, visto tamanha hospitalidade. Foi magnífico!!! Obrigado pelo convite para reger a Banda. Charlotte e eu estendemos nossos melhores votos para que você e o Conservatório para um sempre crescente sucesso.

Feliz Natal e Boas Festas!”

Frank Battisti.

MÚSICA PARA OUVIR NO NATAL

O que existe para ser ouvido em todos os gêneros


As emissoras de TV preparam os mesmos shows de sempre, as mesmas vinhetas e jingles, só mudam os atores sorridentes e artificialmente alegres (façamos justiça: há uma bonita canção de um anúncio da Varig). Você é obrigado a ouvir péssimas adaptações das chamadas Christmas carols (canções de Natal) americanas, muitas delas de uma pobreza de tradução claudicante. “Toca o sino, pequenino / sino de Belém...” (Jingle bells) e não dá para esquecer aquela história famosa em que um jogador de futebol desce no aeroporto da capital do Pará, declarando estar “muito contente por conhecer a terra onde Jesus (sic) nasceu”. Velhinhos de barba postiça sofrem com o calor do verão brasileiro, vestindo túnica e gorro vermelho e branco, esperando as renas que não existem por aqui, a neve que aqui não cai e a árvore chamada “maple”, que só cresce em clima temperado - mas aqui pode ser substituída por pinheirinhos).

Muitos esbanjam, competem na decoração da casa, esnobam roupas caras, comem gulosamente, empanturram-se e se embriagam, trocando presentes e ‘amigos secretos’ – que nada mais são do que uma invenção da classe média para baratear os custos dos antigos e generosos Natais. No meio da farra, que nada difere daquela do réveillon ou de um churrasco de fim de ano na empresa, não param um segundo sequer para pensar que a data comemora o nascimento do Salvador – para os que crêm ou não (o sofrimento do filho de Deus foi para todos), o símbolo, o anúncio da Paz que um dia virá.

Penso que a grande maioria não conhece, ou apenas acha familiar alguns dos grandes clássicos natalinos. Para quem gosta do ‘pop’ de bom gosto, há o Merry Christmas, CD com linda interpretação de Mariah Carey, os CDs de Elvis Presley, com a antológica Blue Christmas, ou ainda John Lennon, com Merry Christmas (com subtítulo “a guerra acabou”, celebrando o final do conflito do Vietnã): “Então é Natal / e o que você fez? / um ano a mais / e um ano novo / acabou de começar / Então é Natal / espero que você se alegre / e  ao próximo e aos queridos / o velho e o novo / um feliz, feliz Natal / e um feliz ano novo / que seja um bom ano / sem medo algum” (trad. livre).  Tem também um lindo álbum inteiro do Bob Dylan, Christmas in the heart (Natal no coração) – apesar de ser judeu, Dylan sempre comemorou o Natal.

(No link abaixo, Elvis canta Blue Christmas, de 1968)



MEU NATAL BRASILEIRO...

Na tradição natalina popular brasileira pouco se criou em música. A maior parte do que se canta (se é que ainda se canta) são versões dos carols americanos. Há exemplos que me abstenho de comentar, como uma música do Carlinhos Brown e Xuxa. É esse tipo de coisa que se toca. Mas todos se esquecem de “Presente de Natal”, de Alvarenga e Ranchinho, “Meu Natal”, de Ary Barroso, “Papai Noel esqueceu”, de Nasser e Herivelto, “Dia de Natal”, de Hervé Cordovil, e “Boas Festas”, de Assis Valente. Por serem da terra, são esquecidas. Perde o país.

(No link acima, “Meu Natal”, do Ary Barroso, por Jamelão).

NATAL CLÁSSICO

MÚSICA CLÁSSICA DE NATAL

Entre os clássicos, Tchaikovsky (1840-1893) é um dos mais tocados. Vale a pena ouvir a “Suíte Quebra-nozes”, do último balé do compositor. A suíte é uma espécie de adaptação de danças para execução instrumental – porém, se alguma vez na vida souber de uma encenação completa, com bailarinos, vá. São imperdíveis momentos de beleza! Com direito a palácios, princesas, sonhos, fantasias e alegrias. Destaque especial, como cena e música, á a “Dança da fada açucarada” (ver link do Youtube abaixo: "O Príncipe e a fada açucarada"), em que se destaca a celesta – que é um instrumento de percussão (parece um piano de brinquedo), e leva esse nome por ter um som... celestial. O personagem “Quebra-nozes", presente de Natal do padrinho de Clara, no final se transforma em Príncipe, e é apresentado por ela ao Rei e à Rainha. Claro, claro.

O ORATÓRIO DE NATAL

A OBRA-PRIMA: O ORATÓRIO DE NATAL, DE J. S. BACH

Johann Sebastian Bach (1675-1750), como bom compositor de igreja (foi “Kantor”, ou ‘mestre de capela’), deixou duas obras-primas monumentais em louvor ao sofrimento Cristo pela salvação de seu povo na terra: a “Paixão segundo Mateus” e a “Paixão segundo São João”. Porém, é grandioso, envolvente, sublime, o “Oratório de Natal”, narrado pelo personagem Evangelista, que faz os chamados ‘recitativos’. O “Oratório” de Bach leva aproximadamente três horas, e é composto de seis partes: ‘Nascimento’, a ‘Anunciação dos pastores’, a ‘Adoração dos Pastores’ (em celebração ao ano vindouro), a ‘Circuncisão de Jesus’ (da prática judaica), a ‘Jornada dos Reis Magos’ e a ‘Adoração dos Reis Magos’. Essa talvez seja a obra que mais aproxima o homem do espírito do Natal, da adoração ao Criador. Bach a compôs em devoção a Deus, inspirado em seu Filho na terra.

Presentear alguém com um CD desta obra é deixar uma lembrança para todos os anos! Há também um lindo DVD (da Deutsche Gramophon), com Harnoncourt regendo solistas, coro e orquestra. É para assistir e se envolver, impossível não gostar, está acima de gostos e preferências. É uma música que aproxima os que a ouvem do Criador. Cada parte do Oratório termina com uma exclamação de júbilo: ‘Ah, Jesus Menino’, ‘Meu coração se rejubila’, ‘Alegre-se e cante’, e ‘O triunfo está completo’, são os últimos versos de quatro dos seis Coros. Para dividir e compartilhar com alegria.

No link do Youtube abaixo, John Gardiner rege o Coro de Monteverdi e os Solistas Barrocos Ingleses, com a soprano Bernarda Fink na ária "Schafe, mein Liebster". Oratório de Natal de Bach (BWV 248), Parte II. Os instrumentos usados são reproduções de modelos de época.


sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

'HOAX' NOVO: “ERRO 404: EU JÁ FUI UM ‘ILLUMINATI’”

Hoax’ na internet ‘denuncia’: Steve Jobs está vivo, é um ‘conspirador’, estamos sendo controlados pelo mal, e... você sabe...

Antes de discorrer sobre os “Illuminati”, no plural, vamos nos divertir com as ilações mais loucas do internauta. Ele se refere a uma “Nova Ordem Mundial” (título subtraído do livro “New World Order”, de William T. Still), que estuda as sociedades secretas norte-americanas desde suas origens. Porém, antes de falar disso, que dá trabalho, primeiro o lazer:

O erro começa logo no título do ‘hoax’: ‘Illuminati’ (‘Iluminados’, no plural) é uma organização secreta, portanto ninguém pode ser uma organização plural. No texto, daqueles com aparência bem ‘verídica’, uma “invasão do mundo” de Orson Welles de baixíssima estatura, aprendemos que o autor – que se disse saído da organização, correndo portanto risco de vida (ou morte, os dois estão corretos) – fala em tom ameaçador. Ou seja, saiu mas não saiu da ‘sociedade’. As abobrinhas são divertidas, como a seguir:

GOOGLE E FACEBOOK (cont.)

O PODER DOMINADOR DO GOOGLE
E DO FACEBOOK

Fala que o ‘Google’ é uma ferramenta de busca utilizada por todos e que é por aí que eles, os ‘Illuminati’, filtram as informações que chegam até você. E, continua: se reparar bem, segundo ele, os dois ‘O’ no meio da palavra mostram os ‘óculos’ com que estamos sendo observados. Muito bom. Quando nadamos na piscina, também: “swimming pOOl”; ou quando nosso filhos vão à escola, ‘SchOOl’, e por aí vai. Ah, sem esquecer o Mr. Magoo, que não enxergava nada!

Quando você tuíta “vou tomar banho”, “estou jantando”, ‘nós’, diz ele, estamos (os “Illuminatti”) te vigiando. Além de ser uma grande besteira você ficar contando tudo o que está fazendo a cada minuto, fazendo um ‘strip-tease’ virtual dos seus passos, se você tem medo do ‘mal’, apenas pare. Os “Illuminati” não vão mais seguir seus passos se você estiver desplugado!

Depois, como não poderia deixar de ser, o “Facebook”, “uma das formas de controle mais eficientes que criamos (sic) até hoje”. Haja.

A ‘APPLE’ E A MAÇÃ-SÍMBOLO DO 'PECADO' (cont.)

Steve Jobs criou a maçã? Nunca...

Agora, a “Apple”, segundo o autor “o maior exemplo de condicionamento de massas que conseguimos criar até o momento”. E, pasme, “Steve Jobs está vivo!!!” Provavelmente, eu deduzo, junto com Elvis Presley, o verdadeiro Paul Mc Cartney, Hitler e outros. Jobs utiliza o símbolo do proibido como sua logomarca. Ora... Nova York é a “Big Apple” desde os tempos do avô de Jobs, existiu (existe ainda?) uma companhia aérea cujo símbolo era... a maçã. Não a do pecado, mas da maçã do amor símbolo da metrópole norte-americana.

NY é uma cidade repleta de macieiras, daí a “Big Apple”. Era assim que os músicos de jazz dos anos 1920 chamavam a cidade, quando se reuniam em ‘jam-sessions’ (sessões de ‘jazz after midnight’: ‘Jam’) após os trabalhos regulares em casas noturnas. O livro “Tales of the jazz age” (“Contos da era do jazz”), de Scott Fitzgerald (1922), bem retratam a explosão musical da época da “Big Apple”. Nem o pai de Jobs, com certeza, havia nascido. O símbolo é mais velho do que o jazz nova-iorquino.

SIRI E O IPHONE 4S (cont.)

Sistema existia antes de Jobs comprá-lo

A próxima diz respeito ao Iphone4, e aos sistemas que eles, “Illuminati da Apple”, criaram – hilariamente, para os smartphones de todas as empresas rivais de Jobs: o “Find my friends” e o “siri”, cujo GPS você ativa ou desativa quando quiser. O mais divertido fica por conta da tradução do sério  autor dessa baboseira para “siri”: “Steve is rest inside” (Em péssimo inglês, by the way...). Ora, por fazer parte de organização internacional tão poderosa, o “Iluminado” deveria ao menos saber um pouco de inglês: a frase está escrita absolutamente errada. (Deveria ser, mesmo que soe absurdo, “Steve rests inside” (“Steve descansa dentro”) ou “Steve is resting inside” (“Steve está descansando dentro”). Ambas horríveis.

Como se não bastasse, Jobs comprou o SIRI (foto) em 2010. Mas ele já existia desde 2007, portanto longe de Jobs e da Apple, pelas mãos de Dag Kittlaus (CEO), Tom Gruber (CTO/VP) e Cheyer Adam (VP). E já levava este nome.

Antes de ser um instrumento de dominação de massas, o SIRI é um sistema acionado por voz que, além de obedecer a comandos no Iphone responde a perguntas gerais – teria algumas de dezenas de milhares de respostas prontas. O jornal USA Today publicou a resposta do SIRI a uma pergunta difícil: “qual o significado da vida?”. A resposta do aparelho: “tente ser bom para as pessoas, evite ingerir gordura, leia um bom livro quando der, caminhe, e tente viver em paz e harmonia com pessoas de todos os credos...”. Não parece coisa de quem quer dominar o mundo.

Há uns 10 anos meus filhos ganharam uma bola de plástico, claro que de tecnologia bem inferior, que ao ouvir uma pergunta acendia uma janelinha com a resposta. Como o resultado quase sempre servia para tudo, as crianças diziam “ohhh”. E não tinha Jobs ainda.

O NOVO RG E O ‘CONTROLE DOS HABITANTES’ (cont.)

O computador do filme ‘Alphaville’ (Jean-Luc Goddard, 1965) dizia: “Eu sou o Alpha 60, o controle dos habitantes”.

O sujeito vai em frente, especulando coisas horríveis, como o novo RG com ‘chip’. Isso, para o seu controle, cidadão, porque o “Big brother (personagem do romance “1984” de George Orwell) está observando você”. Ora, desde sempre os norte-americanos têm somente um número: o “Social Security”, e ele serve para tudo. E nada a ver com Jobs, mas toda vez que você usa seu passaporte nos EUA e Inglaterra, por exemplo, você “está sendo seguido” pelo país inteiro. Nos quartos de hotel, nos prédios comerciais, ao passar a chave eletrônica (cartão), idem. Temos cartão de banco com chip, de crédito idem, mas o Jobs (acho que o tal sujeito pensa assim) fez um ‘conluio’ com o Governo Federal, para controlá-lo. Esquecendo-se de que dessas organizações (“Illuminati”) não participam mulheres – portanto, Dilma não pode entrar.

AGORA, FALANDO SÉRIO (cont.)

Quem são (ou foram) os “Illuminati”?

Criado pelo professor alemão Adam Weishaupt em 1776, o “Illuminati” foi uma sociedade secreta que supostamente teria atraído a atenção de Karl Marx, anos depois. Criado em escola jesuíta, Weishaupt revoltou-se contra a igreja, achando que o cristianismo deveria ser substituído por uma religião ligada à razão.

Alguns preceitos básicos: abolição da monarquia e todos os governos organizados; abolição da propriedade privada e do direito de herança; abolição do patriotismo e do nacionalismo; abolição da vida familiar e do casamento e educação comunitária das crianças; por fim, a abolição de todas as religiões. Em 1786, o “Illuminati” foi extinto na Bavária. Nos EUA, não prosperou senão na cabeça de uns poucos, e nunca chegou ao poder. Ao contrário da ‘Freemasonry’ (maçônica), que fez dezenas deles, como Truman, Washington, Madison, Monroe, Jackson, Polk, Buchanan, Lindon Johnson, Ford e Reagan, entre outros. Porém, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa... Mas vamos e venhamos, como saiu na ‘Folha’ esta semana, malucos especularem que Madonna e e Lady Gaga são da ordem... ah, é demais. O Eminem deve ser o número um.

Para não fazer como o alarmista que denuncia a “conspiração de Steve Jobs” (sic), para ocupar a mente vazia de alguns incautos, cito algumas fontes: (1) Robison, John. Proofs of a Conspiracy”. Boston: WI Edition, 1967. (2) Webster, Nesta H. “Secret societies and subversive movements”. Hawthorn, CA: Christian book publishing of America,1924. (3) Still, William T. “New World Order”. Louisiana: Huntington House Publishers, 1990. Talvez haja traduções para o português.

[foto de Truman com o apron maçônico. Disponibilizada pela Biblioteca do Congresso dos EUA]

HOMENAGEM A STEVE JOBS (cont.)

Legado de Jobs não pode ser dimensionado

Todos os que trabalham com estúdios de som e imagem agradecem a Jobs: nenhum sistema chega perto do ‘Mc Intosh’ da Apple nessas atividades. Filho de milionário sírio com filha de alemães católicos da Califórnia, Steve foi entregue para adoção a um mecânico, Paul Reinhold Jobs, e recebeu do pai biológico, milionário, um fundo de reserva que pudesse sustentar o menino até a universidade. O resto, todos sabem.

No sentido mais subjetivo da palavra, Jobs foi uma pessoa ‘iluminada’. Cheio de sabedoria: ajudou a encurtar distâncias, colocou ferramentas da mais alta tecnologia em nossas mãos e bolsos. E, entre muitas outras coisas, me possibilita falar todos os dias – de graça – com minha filha em Londres.

Quem vê o demônio por trás da tecnologia, também viu quando surgiu a primeira TV, o primeiro Sputnik, a chegada do homem à lua, o telégrafo, etc. etc.

Uma coisa é certa: o pobre, que não pode comprar essas bugigangas (coisas da ‘Apple’), nem tem escola que lhe permita ler e mesmo ‘arranhar’ o inglês, etc., está fora dessa maléfica dominação. É coisa de classe média, no mínimo, para cima.

Agora, se você quer ler o texto integral desse suposto “Illuminati” denuncista sobre os “Illuminati” de Jobs dominando o mundo, dá para se divertir:

www.tecmundo.com.br/15539-Erro-404-Eu-ja-fui-um-Iluminatti.htm

O ESTADO, AS ORGANIZAÇÕES SOCIAIS E O CONSERVATÓRIO

Em 1998, FHC sancionou a Lei 9648, que autoriza o Poder Executivo a contratar associações civis, fundações (e outros sem fins lucrativos), para a gestão de equipamentos públicos.  Contratada a entidade pelo chamado ‘Contrato de Gestão’, ela é declarada Organização Social e passa a ter inúmeras metas a cumprir, sob rigorosas avaliações periódicas. Em nosso caso, o primeiro efeito prático disso é que, desligados da gestão da chamada administração direta, os artistas foram desvinculados da figura do servidor público, que melhor serve à burocracia administrativa, mas engessa a produção artística.

Cabe aqui debelar o primeiro mito imposto por aqueles que, comungando do ‘estatismo absoluto’ do passado, buscam tachar as OS como ‘privatização’, lembrando os arautos do velho pensamento kafkiano. Privatizar é simplesmente vender empresas públicas, é torná-las privadas. Associar privatizações às Organizações Sociais é iludir ou desconhecer: as Organizações não têm lucro, todos são assalariados, e eventuais receitas são reinvestidas nas atividades contratadas. Os Governos não perdem o controle em momento algum. Privatização e Organização Social são tão semelhantes quanto um refrigerante e um pé de jaca.

Segundo mito: ‘particulares’ estariam cuidando do dinheiro ‘do povo’ (ora, muitos dos que assim falam são exatamente aqueles que mais confundem uma coisa com outra!). A Lei da Improbidade Administrativa (8429/92), dispõe que todo aquele que, concursado, eleito ou em cargo de confiança, exerce função com ou sem remuneração em qualquer entidade para cujo custeio o Estado concorra com mais de 51% das receitas é um ‘agente público’! E está sujeito às mesmas – e mais outras - penalidades eventualmente impostas ao servidor no mau uso ou desvio de verbas públicas.

Terceiro mito: contratam empregados como em empresas particulares, sem concurso. Fora os cargos de confiança, portanto de livre contratação e demissão (similar ao serviço público), todos os demais são obrigados a prestar seleção pública, que pouco ou nada difere de um concurso. Prevalecem os mesmos princípios da isonomia, imparcialidade, impessoalidade e publicidade, e todos os documentos dos processos de seleção são encaminhados posteriormente ao Ministério Público.

Como se não bastasse, alardeia-se um quarto mito: a ‘compra sem licitação’. Ora, a Lei estabelece que cada OS deve possuir (e tornar público) seu manual de compras; pelo do Conservatório, o que se pratica são limites ainda mais baixos para cada modalidade emanada da chamada 8666, a Lei das Licitações. Até as compras que cabem no chamado ‘pronto pagamento’, por serem de pequeno valor, são cotadas para maior economia. Valores maiores estão sujeitos a processo licitatório – só que com muito mais agilidade e clareza, tornando virtualmente impossíveis os ‘ralos’ nada incomuns, como os que lemos nos jornais. 

Um hospital paulista gerido por uma OS teve seu tomógrafo inutilizado acidentalmente. Em 3 semanas, licitação concluída, o novo aparelho estava lá, salvando vidas – na época, um ex-diretor do mesmo hospital declarava em entrevista que, nos tempos dele, uma aquisição dessas não sairia antes de 6 meses. Ah, e os pacientes, como ficavam, então?

Por fim, cai o argumento da tal ‘falta de transparência’ (termo que não uso porque é muito empregado também pelos que mais gostam da ‘obscurescência’ – com o perdão pelo neologismo). Todos os relatórios trimestrais e anuais das atividades do Conservatório passam por um Conselho, pela UFC da Secretaria de Cultura, pela fiscalização semestral da Secretaria da Fazenda, por uma auditoria externa, pela Comissão de Avaliação das OS, pelo Tribunal de Contas e, quando necessário, pelo Ministério Público.

Em 1998 o Partido dos Trabalhadores arguiu a constitucionalidade da Lei das OS, encabeçando para isso uma ação no STF (a ADI 1923). É um direito sagrado que assiste a qualquer partido, em respeito à sua orientação programática (embora hoje o Governo Federal queira leiloar aeroportos e já contrate ONGs). Mas o processo trilha um longo caminho, e, após 13 anos, o tempo ‘caçou’ esses ‘mitos’ criados: o Ministro relator, Ayres Britto, em um documento brilhante cuja leitura no Plenário do Supremo durou 1h05 (disponível no ‘Youtube’), vota pela modernidade, e aponta a necessidade de encontrarmos novas soluções para o futuro. O voto do novato Luiz Fux cortou ainda mais fundo, mostrando que deveria ser mudada a relação OS/Estado, que passariam a partes conveniadas, e não mais contratante e contratada. A ADI 1923 transborda dezenas de volumes de papéis, mas parece que chega à ‘morte anunciada’. Porém, vejamos o embate pelo lado positivo: o STF deverá não apenas declarar a constitucionalidade da Lei das OS, mas lhe trará aperfeiçoamentos inéditos. A Corte envolve-se na causa pública, e isso é ser republicano!

Voltando ao Conservatório, uma vez revogada acidentalmente em 2006 a Lei 997/51, que criou a escola em Tatuí há 57 anos, o que teria acontecido com a instituição sem a OS? Pois é exatamente o Contrato de Gestão celebrado entre ela e o Estado que tem sobrevivido a esse ‘hiato’ incólume. O Conservatório é do Estado –  portanto, de todos os cidadãos -, e necessita de ter existência legal, e não apenas um contrato temporal. Em estágio de preparação para ir a Plenário, o Projeto de Lei 654/2011 restaurará a vigência da Lei de criação do Conservatório, retroagindo à revogação para que se produzam todos os efeitos legais.

É exatamente uma OS que conduz com versatilidade e eficiência o ensino artístico de qualidade rumo ao futuro. As OS se multiplicam, mesmo para ‘aqueles que não querem ver’.

[PUBLICADO EM O PROGRESSO DE 3 DE DEZEMBRO DE 2011]

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

VENCEU O CURURU!
Votorantim leva o 1º Prêmio no III Torneio Estadual

Realizado pela primeira vez no palco do Teatro Procópio Ferreira, com um cenário perfeito do artista Jaime Pinheiro (uma perfeita ‘vendinha’ da roça), Andinho e Arlindo, de Votorantim, foram os vencedores, deixando Zé Pinto e Zacarias (Josué na viola), de Tatuí, com a terceira colocação. [Foto: Kazuo Watanabe]

Casa cheia, a grande maioria jamais havia colocado os pés no Teatro, mesmo vivendo há décadas em Tatuí; o cururu foi o apelo para que conhecessem a casa, que para eles sempre foi vista como ‘de elite’. Mas veja: uma doméstica que esteve presente – sentiu o apelo popular e tomou coragem – gostou tanto de estar ali que disse que virá ao próximo concerto da Banda Sinfônica! É o que queremos, todos assistindo.

Formar público, claro, sempre. Mas desta vez buscando nos peões, domésticas, comerciários, lojistas e periferia: mais público para o cururu e todo tipo de música de qualidade. É assim que se faz inclusão, não é apenas mote de discurso.

Parabéns aos nossos bravos Zé Pinto, Zacarias e o violeiro Josué. Vamos afinando para a versão do ano que vem, que contará simultaneamente com um concurso nacional de luteria (fabricação artesanal) de viola caipira, uma arte que tem inúmeros mestres Brasil afora.

Viva o Cururu vivo!

INDISPENSÁVEL: FABRICAÇÃO DE ARCOS

OFICINA DE FABRICAÇÃO DE ARCOS
Uma maratona inédita no Conservatório

Aconteceu de 21 a 25 de novembro a primeira oficina de fabricação de arcos de instrumentos de cordas do Conservatório de Tatuí. Os especialistas Renato Casara e José Carlos Rossoni Ramos, da tradicional cidade de João Neiva, no Espírito Santo, com larga experiência na fabricação dos artefatos, fizeram os 13 alunos do curso de luteria travarem contato intenso com a arte da ‘archeteria’ (fabricação artesanal de arcos), bastante diversa da fabricação de instrumentos. [Foto: Oficina de arcos em Tatuí. Kazuo Watanabe]

Muitos músicos consagrados dizem que preferem um ótimo arco e um violino medíocre do que um ótimo violino e um arco medíocre. Daí a importância do arco. Os mestres de João Neiva e os alunos do Conservatório estão reunidos diuturnamente no Setor da Luteria (para os que quiserem conhecer, as novas instalações ficam na  Av. Firmo Vieira de Camargo, 392, fone 15 3259-3835, com funcionamento de segunda a sexta-feira, das 8h às 22h.

Por coincidência, minha tese de doutorado, que reverteu no livro do mesmo título, foi sobre ‘O arco dos instrumentos de cordas’ (Ed. Vitale, 2a. ed.), de forma que é especialmente gratificante ver introduzido, mesmo que por ora experimentalmente, o ensino da archetaria no Conservatório, o que pode vir a ser um projeto para o futuro.

O Brasil é especialmente rico no que existe de mais importante para a fabricação de um arco: a madeira da vareta. É universalmente aceito como o melhor material, desde o século 19, o ‘pau-brasil’ e algumas de suas variedades, como o ‘pernambuco’. Há uma dessas árvores (cuidado: elas são proibidas de serem cortadas sem replantio!) em frente ao Teatro Procópio Ferreira, plantada há 30 anos pelo motorista Durvalino Longanezzi.

A madeira contrabandeada para o Japão, Europa e EUA (e frequentemente apreendida pelo Ibama) chega no mercado externo a custar 100 dólares (R$ 180,00) a vareta crua, dependendo da qualidade. Um arco pronto, de boa qualidade, não sai por menos do que 2.000 dólares.

Já os feitos pelos grandes mestres do passado, principalmente os franceses, chegam a ser leiloados por 20, 40 mil dólares ou mais: Tourte, Voirin, Lupot, Vuillaume. Sem falar nos não-franceses de ponta, como Nürnberger, Pfretchner e Hill’s. Uma cópia de Pecatte feita por Vuillaume foi vendida pela casa Bonhan’s, de Londres, por 50 mil libras – ou seja, quase 150 mil reais. O recorde ficou em 150 mil libras: R$ 434.000,00. (Na foto, um 'Tourte')

O Conservatório mantém a arte da luteria tradicional, das ferramentas artesanais do passado, sem máquinas, das formas modelo italiano, pois os grandes instrumentos assim foram feitos. E, se é assim, com os arcos não poderia ser diferente. Ao final desta semana, cada aluno terá construído seu primeiro arco, abrindo-lhe caminho para aperfeiçoar-se e render-se ao enorme mercado de instrumentistas do Brasil (e quem sabe do exterior?).

VIAOESTE, IRMÃ DO CONSERVATÓRIO DE TATUÍ!

CONSERVATÓRIO RECEBE MAIS 150 MIL REAIS EM INSTRUMENTOS VIA LEI ROUANET.
Contrato foi celebrado com a Viaoeste, que forneceu o suporte financeiro para as compras.

Por meio da Lei de Incentivo Fiscal, o Conservatório vai adquirir ainda em dezembro um trombone alto (completando, assim, o naipe desses instrumentos), um contrabaixo sinfônico e um contrabaixo acústico preparado especialmente para MPB/Jazz. Com a ‘sobra’, serão adquiridos pelo menos mais 7 pianos Steinway/Boston de armário.

O ideal seria fazer como nas escolas americanas: um piano em cada sala de aulas, pois todos os instrumentos necessitam de um piano, seja para aulas ou para trabalhar sonatas, peças acompanhadas, etc. Talvez já estejamos no início deste processo.

A MÚSICA AGRADECE À JUSTIÇA FEDERAL!

JUSTIÇA FEDERAL ENTREGA MAIS 15 MIL
EM INSTRUMENTOS A ALUNOS CARENTES
Juiz Federal confirma decisão do Desembargador De Sanctis

O Juiz da 6ª. Vara da Justiça Federal, Dr. Douglas, que sucedeu o Dr. Fausto de Sanctis (hoje Desembargador) no posto, confirmou e determinou o direito de compra no valor de R$ 18 mil, ‘resto’ da verba doada para a compra dos 11 instrumentos já entregues aos alunos.

A sobra foi obtida por negociação nos preços com os fornecedores, sendo que um deles ofereceu descontos de até 40% nos preços de tabela. Desta vez, os novos instrumentos - que já estão comprados – são um xilofone, uma trompa e uma flauta transversal.

O processo de escolha se dará pelo apontamento de um nome por cada professor da área contemplada, e dentre eles serão doados cada um dos instrumentos, tendo como critério o aproveitamento nos cursos e a carência financeira. Como sempre, o aluno terá a guarda provisória dos instrumentos, e deverá comprovar bom rendimento nos estudos até a conclusão do curso, quando terá a propriedade definitiva.

Dr. Fausto discursa em homenagem feita pela ALERJ


E por falar em De Sanctis, dia 5 de dezembro ele estará na Câmara Municipal de São Paulo, às 19h30, para receber a mais alta láurea paulistana: a Medalha Anchieta. Alguns alunos que receberam instrumentos irão homenageá-lo na cerimônia – tocando, é claro.

O STF E A MARCHA DA MACONHA: O RETORNO

SUPREMO AVANÇA NA QUESTÃO DA LIBERAÇÃO DAS MARCHAS PELA LEGALIZAÇÃO DA MACONHA
Ministro Celso de Mello endossa voto de Ayres Britto

Pela segunda vez este ano o tema é julgado pelo STF. Na primeira, o relator Ministro Celso de Mello votou (e foi acompanhado pelos colegas) pela liberação das marchas. Desta vez, em outra ação, o relator Ayres Britto reafirma a posição pró-marcha, inclusive a movimentação pela liberação de entorpecentes.

Celso de Mello afirmou que “nada impede que esses grupos expressem livremente suas ideias”. Gilmar Mendes questionou Mello sobre a possibilidade da organização também de marchas em favor da pedofilia, mas Celso de Mello saiu-se com essa: “Podem ser ideias inconviventes, conflitantes com o pensamento dominante. Mas a mera expressão de um pensamento não pode constituir objeto de restrição”.

A livre manifestação popular, cada vez mais, desde que ordeira, pacífica e sem ataques à honra e dignidade de pessoas ou autoridades, tem sido vista como inevitável. A sociedade, ainda ‘verde’ no assunto, geralmente tem reações radicais contra essas manifestações, especialmente a classe média mais conservadora. Cabe aos pais, igrejas, escolas e a saúde pública educar.

A discussão caminha no âmbito correto: legal, social, psicológico, e principalmente de saúde pública, muito embora no Brasil ela esteja em fase ainda muito embrionária. Somente o tempo vai levar a conclusões mais esclarecedoras e a soluções que minimizem o problema.

Os Ministros entenderam que os protestos pela legalização da maconha não constituem apologia ao crime (desde que não o façam, claro), e o considera constitucional. Já nos tempos de Woodstock, da guerra do Vietnã e outros (idos dos anos 1960), era comum ver nos EUA camisetas, bottoms, bandeiras com palavras de ordem de todos os tipos, como ‘burn pot, not people’ (‘queime fumo, não pessoas’). O Brasil, sempre foi pudico (mas só nas aparências: muitos pais, incluindo aí os que se dizem conservadores, sabem das ‘trangressões’ de seus filhos, das drogas, dos abortos, das ‘baladas’, etc.). Mas segue rumo à discussão do que é ‘um Direito’ e o que é direito, no sentido de correto. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa, como se diz por aí.

[Nas fotos acima, um jovem porta um cartaz: “Legalizem a cannabis, não somos criminosos”. No outro, um pôster popularmente vendido: “Legalizem a maconha. Esvaziem as prisões, terminem com o Estado Policial”. Não tenho notícia de que alguém tenha dado muita ‘bola’ para essas manifestações... nas últimas décadas (!!!), nos EUA]

ASFALTO EM PORTIMÃO

NÃO PRECISA SER IMPIEDOSO COM NOSSO POVO IRMÃO
Poderia ter acontecido em qualquer lugar. Mas foi em Portimão, Portugal, e é divertida a cena.
O Prefeito da cidade de Portimão, região do Algarve, muito empreendedor, mandou arrancarem os paralelepípedos do centro e asfaltar as ruas. Muito impacientes por causa do asfalto que trabalhadores da Prefeitura acabaram de pavimentar, os afoitos pedestres resolveram atravessar.
Os portimenses, blogando aqui e ali, dizem que Portimão já era asfaltada, e que aquele vídeo na verdade tinha sido gravado em Coimbra. En passant, Portimão é uma cidade linda, com uma praia maravilhosa.
As imagens falam por si. Não é hoax, é notícia mesmo.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

ANA, DILMA E OS LOBOS
Filme de Carlos Saura (1973) parece uma alegoria sobre a crise com o Ministro Lupi

Estrelado por Geraldine Chaplin, no papel principal, “Ana y lo lobos” é uma obra-prima de Saura. Ana se transfere para o interior da Espanha, onde deverá ser babá de 3 crianças. No entanto, o que ela encontra é uma família desagregada, com uma idosa de pensamentos mórbidos e neurótica, cujo filho vestiu-se com lingerie e roupas femininas sob as roupas de sua primeira comunhão - e possui espírito militarista. O pai das meninas tem instinto pornográfico e pedófilo, enquanto a esposa tem instintos suicidas e o irmão dela, Fernando, sofreu flagelo na infância e passou a morar em uma caverna. Os três irmãos caem na mais pura degradação, recheada de tragédias a partir da chegada de Ana.

Lupi é sobrenome que vem da mesma raiz de lupus, ou lobo, em latim. Oportuno. Há várias impressões na crise instalada em Brasília e nos Ministérios (a de Lupi é o sétimo a tremer). Uma das impressões que se tem é que Dilma se encontra refém, que os Ministérios têm ‘donos’, etc. Essa a mais fácil. Outra, a de que Dilma quer tirar Lupi mas o PDT ‘segura o Ministro’ com força. Também equivocada. Por fim, o que parece claro na imprensa de hoje é que o único que quer ficar é o próprio Lobo. Dilma, aparentando ser dócil como a Ana dos lobos, aguarda mais provas, enquanto o partido já quer a troca, o que parece deverá acontecer depois do comparecimento de Lupi ao Senado, hoje (17 de novembro), para comprovar o que não pode ser comprovado e defender-se do que não há como se defender. O rei, ou melhor, o ‘lobo’, está nu.

Qualquer administrador, em qualquer nível, que ouve ‘daqui só saio a bala’ de um subordinado em cargo de confiança – chamado ‘de livre nomeação e exoneração’ – teria sido menos ‘Ana’ e mais ‘Lobo’. Não se esconderia em uma caverna e não se autoflagelaria em prolongado sofrimento. Só sai ‘a bala’? Qualquer um diria na hora: então vai com uma de prata, daquela de matar lobisomem, e que já está ‘na agulha’ (como diz o jargão): bum!

CRISTÃOS QUEIMADOS VIVOS: UMA FRAUDE

‘CRISTÃOS QUEIMADOS VIVOS NA NIGÉRIA’
Um ‘hoax’ perigoso ressurge em português exibindo foto um monte de corpos queimados “na Nigéria”

O texto traz uma foto aqui por mim adulterada de propósito, mas que serve para se ter uma ideia da dimensão dos corpos empilhados - mas é uma mentira: os corpos são de vítimas de um caminhão-tanque que explodiu em uma aldeia do Congo, e não da Nigéria, e nunca um assassinato em massa por muçulmanos. Não foram vítimas de sunitas, isso é invenção pura. E cuidado: os que espalharam este 'hoax' o fizeram isso em nome dos “cristãos” (sic).

Pergunta: quem ganha com isso? Incitar o ódio contra os muçulmanos por meios fraudulentos e criminosos serve a quem? A matéria original (acidente no Congo), de 4 de julho de 2010, pode ser lida em algumas versões nos sites:

Explosão de caminhão-tanque mata 230 e fere 100 no Congo (Estadão)

Explosão de caminhão-tanque mata mais de 230 no Congo (O Globo)

Cristãos queimados vivos por muçulmanos sunitas da Nigéria (Senza)

CHEGOU A HORA DO CURURU!

O CURURU NÃO MORREU, MORREU NÃO!
17, 18 e 19 de novembro, às 16h
Teatro Procópio Ferreira

Ele corre nas ruas, botecos e igrejas, nos caminhos do cidadão, nas trovas e nas carreiras nos versos em devoção, na voz e viola do jovem, do adulto ou do ancião. Verve sorto como assum preto, que é passarinho que avoa no céu como fosse avião, cantando até com voz rouca, sem carecer rouquidão. Noel, Chiquito, obrigado! E salve, Paulinho seresteiro, Nogueira raiz deste chão, e tantos que já se foram, e honraram esse cantochão (e aos os que aqui continuam e que depois de nós ficarão).

Tatuí, lar do Torneio, um dos berços da tradição, recebe hospitaleira esta terceira edição, depois de dois dias de ‘Esquenta’ (‘amistoso de seleção’), palco de louvar ou lutar, como leva o coração, guarzinho o rumo da água, que segue sem direção, nos versos escorrem palavras, seja rival ou irmão, no rio do cururu, no leito da prosação. A  ponta da língua é faca, é trova, poesia ou facão, pois canto é coisa de macho, como na rinha o esporão, e a rima do boiadeiro, ou mesmo roceiro ou peão, é ouro de prosador, verso de pura invenção.

Recebam de braços abertos esta terceira edição (do cururu deste Estado, que é festa de invenção!). Venham Cesário e Agudos (de dupla de campeão), Botucatu e Tatuí, que honra com este chão, Pardinho, linda e pequena, São Manuel da oração, sem contar Votorantim, indústria da construção, e Porto Feliz que é bem-vinda, na primeira participação.

E digam aos quatro cantos, pros ventos de todo rincão, que o cururu está vivo, tá forte como garanhão, e se espalha como o fogo (em cana seca no chão). E se perguntarem se viu, diga com muita emoção: o cururu está vivo, ele não morreu, morreu não!


Video de 2010 em Tatuí, com a saudações e saúde ao mestre João Mazzero

REESCREVENDO NAPOLEÃO E BEETHOVEN


Napoleão Bonaparte assumiu a liderança da Revolução Francesa, tendo em 1804 recusado vender-se à nobreza em troca do título de Imperador. Ao contrário, fiel aos seus princípios, proclamou a República, tendo sido eleito o primeiro Presidente francês por esmagadora maioria de votos. O fato repercutiu imediatamente pelo mundo inteiro, e seus ecos propagados em efeito dominó, a começar pela Itália.

Em 1815, a República Francesa venceu a sangrenta batalha de Waterloo, e em seguida as forças prussianas. Ato contínuo, Napoleão invadiu o Reino Unido, ajudando os rebeldes ingleses a instalar um regime provisório, sob a liderança de Lord Byron, que queimou seu título de nobreza para juntar-se e aderir à causa. Farrista e mulherengo (seu último livro, “Don Juan”, é quase uma autobiografia), Byron foi eleito presidente da República Bretanha Unida. A Câmara dos Lordes foi convertida em Senado e a dos Comuns em Câmara dos Deputados. Acossada pelo povo, a família real inglesa foge para as Ilhas Virgens, deixando suas jóias, pertences e fortuna, o que exterminou a miséria do povo britânico, logo tornado o mais rico da Europa, sob uma justiça social sem precedentes.

Os revolucionários também derrubaram a monarquia na Áustria e na Hungria, para evitar que esses países líderes se aliassem no futuro em um busca de um novo e fortalecido Império, que abarcaria diversos outros países; essas nações vizinhas transformaram-se igualmente em repúblicas.

Encantado, Beethoven risca na partitura de sua sinfonia ‘Eroica’ o nome do Príncipe Lobkowitz, passando a dedicá-la a Napoleão, que foi visitar em agradecimento o gênio de Bonn em Viena, capital da República Austríaca, encontro que contou com outro admirador de Bonaparte, Wolfgang von Goethe.

Porém, antes de tudo isso, já estava consolidada a República dos Estados Unidos da América, sob a presidência de George Washington, tornada pátria independente. No Brasil, um grupo liderado pelo alferes Xavier, de alcunha ‘Tiradentes’, iniciou em Minas o estopim de uma rebelião nacional, e declarou a Independência, libertou os escravos e proclamou a República, que o elegeu Presidente. A Família Real, já sem medo de que um forte Império se instalasse na Europa e invadisse Portugal, aceitou o exílio em seu país, o que foi feito com a condição de colaborarem com a proclamação das repúblicas portuguesa e espanhola.
As Forças Republicanas Europeias Unidas (FREU) criaram uma nova e fortíssima moeda continental, e levaram os ideais republicanos aos países do Leste Europeu, notadamente a Rússia, cujo Czar, suas famílias e  nobreza foram perseguidos, fugiram ou simplesmente desapareceram: o povo libertado estava ensandecido.

O mundo chega em 1929 debelando uma crise econômica nos EUA com o auxílio do poderoso FRI, Fundo Republicano Internacional, que salvou a economia global de um desastre sem precedentes. Dissolvidos os impérios, evitara-se uma guerra de proporções mundiais cuja sombra parecia inevitável; um segundo conflito mundial mal chegou a ser cogitado. Com a riqueza dividida, o mundo conheceu a paz e a prosperidade.  

Napoleão morreu envenenado em 1824, e Beethoven a ele dedicou uma das maiores obras-primas já concebidas pelo homem, sua Nona Sinfonia, cujo último movimento inova com um coral, conhecido como “Ode à alegria”, música sobre um poema de outro admirador dos feitos napoleônicos, o grande poeta alemão Schiller. A “Ode”, no cortejo fúnebre de Napoleão, foi cantada por mais de 5 mil vozes, conclamando o mundo à alegria, ao amor à natureza e à paz entre os homens, à imagem e semelhança de Deus.

Este texto não é um “samba do crioulo doido” (música de Stanislaw Ponte Preta) internacional. É um sonho, é um sonho só. Se todos os líderes que fizeram mal para o mundo, especialmente depois de atacados pela ‘mosca azul’ do poder, tivessem mantido o prumo em direção ao bem comum, hoje seríamos um planeta próspero, justo, em diálogo, pacificado e feliz.
E se tudo isso tivesse acontecido, o chinês Mao-Tsé-Tung teria sido um presidente democraticamente eleito, fazendo vivo um de seus pensamentos: “sonho que se sonha só é somente um sonho, é um sonho só. Mas sonho que se sonha junto não é só um sonho: é realidade”.